Sugestão de Leitura - O Diário de Anne Frank
Não gosto de afirmações perentórias, arrancadas a convicções
mais do que a certezas, mas hoje, diante deste livro, apetece-me ser o mais
perentório que puder: TODA A GENTE DEVIA
LER O DIÁRIO DE ANNE FRANK.
São muitas e variadas as razões que fundamentam esta
afirmação. Desde logo, porque este diário é um testemunho humano fundamental,
feito desde a fragilidade e transitoriedade da condição humana, que manifesta a
crueza da humanidade e das suas opções históricas e políticas. Além disso, a
este diário subjaz o olhar ora doce ora mordaz de uma jovem cheia de vida, mas
com o futuro hipotecado a um lugar (um anexo) em que tem de permanecer
aprisionada. Depois, e finalmente, porque este livro reporta-nos a um
acontecimento – o holocausto – que nunca se devia esquecer ou menosprezar.
Morreram – foram assassinados – cerca de 6 milhões de seres humanos em nome de
uma pureza racial, isto é, em nome de um absurdo, que não pode jamais voltar a
admitir-se.
Agora, com esta edição de O
Diário de Anne Frank, de Ari Folman e David Polonsky (Porto Editora, 2018)
todos, mesmo os mais pequenos, podem acercar-se a esta história verídica. Este Diário
Gráfico é publicado sob os auspícios da Fundação Anne Frank, fundação
criada por Otto Frank, o pai de Anne, no ano de 1963, em Basileia, na Suíça,
com o objetivo de contribuir para um melhor entendimento entre diferentes
culturas e religiões e de encorajar o contacto entre jovens de todo o mundo e
de servir a causa da paz. A parceria desta fundação com a UNICEF pretende,
ainda, chamar a atenção para os direitos das crianças em todo o mundo e
contribuir assim para o cumprimento da Convenção sobre os Direitos das
Crianças, adotada pela ONU em 1989.
Este Diário Gráfico começa
com a apresentação das personagens do diário e os seus nomes reais - a família
Frank, os outros moradores e os ajudantes - e começa no dia em que Anne cumpre
13 anos de idade e recebe um diário que logo “converte” numa verdadeira amiga
que nunca teve, chamando-lhe Kitty, e percorrendo, com detalhe e assinalável
proximidade ao texto, a história de vida, contida no diário, não sem destacar
os “motivos” de maior humor das situações vivenciadas e estabelecer ainda
algumas intertextualidades com a arte e certos eventos históricos.
Um livro a ler (muito, muito) com olhos de ver, porque há
detalhes que nos farão “mergulhar” na história da família Frank e, de certo
modo, tirar lições para a vida presente e para construir o futuro…
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